E a Dança da Bundinha Peladinha parou.


De luto e surpreso. É o que tenho a dizer de primeira sobre a morte recente de Yoshito Usui, criador do mangá e anime "Crayon Shin Chan", aos 51 anos. Desde o dia 11 de setembro Usui estava desaparecido, quando ele decidiu dar uma caminhada. Nove dias depois, no último domingo, 20, seu corpo foi encontrado na montanha de Arafune, província de Gunma, no Japão. Há suspeitas de que ele tenha caído de um precipício de 100 metros durante o passeio que fazia.

É um grande artista que estamos perdendo no mundo dos mangás e animes. Ao contrário de outras criações, que priorizam um acabamento mais detalhado, perfeccionista e com cujos olhos grandes e marejantes os personagens expressam suas almas (sofredoras), os traços de "Shin Chan" chegavam a ser grosseiros e até pareciam ser feitos por uma criança. O protagonista sequer aparecia sorrindo para o leitor, só ria envergonhado, de costas.

Entretanto, era assim que Shin-chan se destacava de outras séries, que normalmente esbanjam realismo e tramas complexas (Neon Genesis Evangelion, Death Note e Blood+, anyone?). Além dos desenhos toscos e bidimensionais, Usui sempre apostou em temas cotidianos, vistos pela perspectiva limitada e ao mesmo tempo exagerada de uma criança de cinco anos. Pelo ponto de vista de Shin Chan, em outras palavras. Nunca se tratou de uma série de ação, como sempre ocorrem com os sucessos, era sim uma série cômica.

No Brasil, "Shin Chan" não chegou a vingar como sensação da época, nos anos noventa, assim como foi com Cavaleiros do Zodíaco ou Dragon Ball (bleargh, uma bosta), já que sequer teve repercussão na TV aberta (na TV paga, a série é transmitida de segunda a sexta às 16h pelo Animax). O mangá, que teve apenas doze edições pela editora Panini Comics, teve poucos exemplares à venda.

Felizmente pude garantir todos os números à época, e me diverti com elas. Sempre no mesmo formato de historietas de três páginas cada, Shin Chan fazia a "dança da bundinha peladinha", xavecava mulheres com cantadas infantilizadas ("você curte pimentão? Eu também!") ou disparava meias verdades, constrangendo meio mundo e os pais, que sempre davam um jeito de desferir um "amassa-cabeção" ou o "ataque combinado da superbronca cósmica". Sempre depois que falava uma besteira, no quadro seguinte ele surgia com um galo na cabeça.

É certamente uma série que vai deixar muitas saudades. O jeito é ver a série pelo Animax e reler mais uma vez os mangás da Panini. O garoto mais levado de Kasukabe (bairro onde Usui também morava) ficou órfão de seu pai biológico.

PS: Tentei encontrar alguma foto de Shin triste, mas em todas ele se mostra com os olhos bem abertos e curiosos. Por isso, coloquei uma que reflita com a situação atual, mas não triste. Afinal, não era isso que Usui iria querer para seu "filho". - Bullshit: o site G1 colocou a mesma foto, bosta. Vou postar uma que represente Shin se despedindo de Yoshito Usui.

PS2: tentei encontrar episódios pelo Youtube, mas parece que foram removidos...se eu achar posto aqui depois!

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